Na altura do primeiro Indie guardei todos os papelinhos ilustrados e vários cartazes que consegui. Fui expondo-os em casa, oferecendo, colando em agendas e caderninhos ...
Isto porque fui surpreedida pela qualidade da ilustração e design ( na altura nunca cheguei a saber de quem eram ). Só agora, na preparação deste blog, percebi que a ilustradora tinha sido a ( nossa ) Carla Pott!
Fiquei radiante por duas razões: 1ª a ilustração de que eu gostara tanto era da Carla, 2ª a plasticidade dela enquanto autora.
O texto que o Daniel nos mandou ( e que alarga muito pertinentemente o tema da ilustração de imprensa ) vem revelar o resto...
Parabéns pela "direcção gráfica" e obrigada pelo texto.
"Aqui vai :
Escreve Daniel Barradas, designer a tempo inteiro, escritor nas horas vagas.
Como designer, nos últimos dois anos tenho trabalhado principalmente com trabalhos ligados a áreas artísticas e culturais. Infelizmente nem sempre tenho tido a oportunidade de poder encomendar trabalho a ilustradores porque os meus clientes são na sua maioria pindéricos e nunca há dinheiro suficiente para pagar a um ilustrador (mal há dinheiro para o designer!).
Além disso, os prazos são quase sempre tão apertados que se penso em contactar alguém para me fazer uma ilustração, já me estou a atrasar com a entrega da coisa na gráfica.
Isto nem tem sido assim tão mau porque, à falta de ilustrador, tenho eu mesmo resolvido o problema com ilustrações de minha autoria. Mesmo não sendo pago por isso, compensa pelo desenvolvimento e à vontade que tenho vindo a sentir cada vez que "me vejo obrigado" a fazer ilustrações.
Felizmente há excepções e tem sido com grande prazer que tenho estado a desenvolver o projecto gráfico do IndieLisboa, festival internacional de cinema independente de Lisboa.
Para a primeira edição, convidei a Carla Pott a fazer uma ilustração pela simples razão de ser minha amiga pessoal. Paguei-lhe com parte dos meus honorários. O resultado foi tão bom, que, em conjunto com os organizadores do festival, acordámos que daí em diante a imagem do festival passaria a ser sempre baseada numa ilustração.
Para a edição de 2005 convidámos vários ilustradores a apresentarem propostas e acabou-se por escolher a do Marco Silva, que é um absolute beginner mas que fez um excelente trabalho. Tinhamos também uma boa proposta do Zepe, mas pedimos-lhe algumas alterações e resolvemos usá-la em 2006.
Este tipo de trabalho tem caracteristicas muito curiosas porque a ilustração que se usa como imagem do festival é aplicada nos materiais mais diversos, começando no cartaz e passando pelo site de internet, t-shirts, sacos, brochuras, etc... Por terem que se submeter a uma série de características técnicas, ditou a experiência (ganha com alguns erros) que estas ilustrações devem ser encomendadas e não sujeitas a um concurso público. A minha função neste caso, para além de designer, passou a ser também de director de arte, ou seja, alguém que controla uma identidade visual. Tenho que conjugar a identidade do festival com a ilustração de cada ano.
Outro aspecto bastante positivo deste trabalho tem sido a excelente equipa de produção do festival, que já percebeu que se tem de começar a trabalhar a identidade visual de cada edição com um ano de antecedência. Por isso se escolheu a imagem de 2006 ainda em 2004 e em breve se vai começar a pensar em 2007. "