JOSÉ.M. SARAIVA Revisto e Ilustrado
Pessoal,
O José Manuel Saraiva pediu-me que colocasse de novo um post com o mesmo texto que escreveu mas desta vez revisto e corrigido e com as ilustrações do livro um Dragão na Banheira.
Aviso que este blog às vezes domina-me no que diz respeito à formatação de texto.
Não apago o outro post pois já tem comentários...
Para quem tem ou já viu este livro dele e tiver o prazer de comentar texto e ilustração, ele coloca o seu mail à disponibilidade.
Esta ilustração abaixo é a minha favorita por causa do cavaleiro desenhado na árvore....
Olá, o meu nome é José Manuel Saraiva e eu sou um alcoól… perdão, um ilustrador.
Fiquei muito satisfeito por encontrar um espaço como este. Fazia falta,sem dúvida. Em apenas uma semana, fez-se mais pela actividade do que muitas mesas redondas com assistência exígua ao longo dos anos. Consulto-o todos os dias.Em relação ao que disse a Manuela Bacelar, essa parece ser a posição dealgumas personalidades teóricas da literatura para crianças, como o Bruno Bettelheim, entre outros, que diz:“ Los libros de cuentos ilustrados que actualmente prefieren mayores ypequeños no sirven para satisfacer las necesidades de los niños. Lasilustraciones distraen más que ayudan. (…) Este tipo de cuentos pierdegran parte del contenido del significado personal que el niño extraeríaaplicando únicamente sus asociaciones visuales a la historia en lugarde las del dibujante.”Convém sublinhar que esta afirmação tem uns sessenta e tal anos… mas não deixa de fazer sentido, essencialmente se pensarmos na ilustração para crianças como um pedagogo, que é o caso do Bettelheim, que tende a ver a ilustração ao serviço da leitura, e não como fim em si mesma ou pelo menos, com igual individualidade e possibilidades de exploração.Grande parte dos livros para crianças apresentam-nos o texto e a imagem em espaços distintos muito bem definidos, funcionando a imagem como um despertar da leitura. A ilustração só é elaborada após o contacto e reconhecimento do texto, elaborado sempre previamente. A imagem potencialmente pode ganhar autonomia, evitando a redundância em relação ao texto, sugerindo leituras contidas de forma implícita no texto, mas, como princípio, sem nunca deixar de partir deste.No entanto, este modelo não pode ser aplicado ao género de livros quesão fundamentalmente do ilustrador e da imagem, e aos quais a CarlaPott já fez referência, o picture book (em Portugal álbum de imagem ou álbum Ilustrado, ou álbum narrativo, aparentemente ainda não existe uma unanimidade em relação à designação final), onde não existe uma compartimentação de texto e imagem em duas zonas, mas uma unidade á partida, onde as fronteiras de cada uma das linguagens textual e visual, se mesclam e confundem, podendo a ilustração ser pensada emsimultâneo com o desenvolvimento do texto, podendo até nalguns casos, ser o texto que vai procurar enquadrar-se numa imagem elaborada anteriormente.Isto para sublinhar estas duas grandes distinções, livros de texto,essencialmente literários, por isso de escritores, com textos extensose o álbum de imagem/ilustrado, profusamente ilustrado e com textos(geralmente) curtos, essencialmente do ilustrador, ou onde, pelo menos,escritor e ilustrador têm o mesmo grau de importância na autoria. Sãoestes últimos que devem aparecer cada vez mais no panorama nacional.Por outro lado já está aqui presente uma questão essencial. Julgo quenão podemos pensar na análise de uma ilustração para crianças (ouInfanto-Juvenil) apenas por critérios artísticos mais ou menossubjectivos e de contemporaneidade. O público alvo são as crianças.Deve haver espaço para diferentes abordagens e possibilitar aos maispequenos um contacto diversificado. Isto para ir de encontro à questãodo Expresso e ao comentário da Carla Pott. Para os meus filhos comprava as duas versões, a “fofinha” e a das colagens. Dá-se hoje em dia em Portugal uma importância desmesurada à “qualidade artística”, que abafa outras alternativas, e que faz com que alguns bons ilustradores tenham injustamente uma espécie de sentimento de inferioridade.A propósito, eu também fui recusado pelo Expresso. Mas achei umbocadinho injusto o comentário da Alice (sorry A.G.), não pelo problemacom o Alain, um dos meus ilustradores preferidos, (o seu livro que maisaprecio será o “Contos Judaicos”, que fez para a Ambar) mas sobretudonos termos em que o fez. A colecção está a sair globalmente comqualidade e diversidade, e o caso Alain, não pode desmerecer dessaforma o que de muito bom se tem visto, dando visibilidadeinclusivamente a novos bons ilustradores de qualidade.
Bom, para acabar, se alguém tiver a delicadeza de se sentar e LER otexto e observar as imagens do meu último livro, UM DRAGÃO NA BANHEIRA, Edições Gailivro, agradecia que me enviassem comentários para ambas as linguagens, escrita e visual, para o meu mail: jsaraiva@clix.pt
P.S. Alguém ficou surpreendido pela Manuela Bacelar referir as tiragensde 1500 exemplares. Bom, importa divulgar que muitos dos livroseditados, e mesmo entre alguns premiados ao nível da ilustração, vendemapenas 600 a 700 exemplares por… ano. Baixando inclusive no segundoano. Grande parte dos livros não passa da primeira edição de 2000exemplares. As editoras têm, sem dúvida, muitos defeitos, mas actuamnum mercado pequeno que não contribui para arriscarem, preferindo jogarpelo seguro e pelo que pensam que o público quer.
2 Comments:
Quanto às ilustrações estão fantásticas. Fantásticas, mesmo!
Obrigada.
Pode parecer estranho, mas são muito poucas as reacções ou apreciações que encontro ao meu trabalho.
Por vezes tenho que induzir.
Também agradeço a quem comentou pelo meu mail. É bom sentir alguma apreciação, numa área com bastantes dificuldades em Portugal.
José Saraiva
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